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COP30 avança com ênfase em ações locais e soluções práticas no combate às mudanças climáticas

  • Writer: William Barreto
    William Barreto
  • Nov 12
  • 3 min read

Governos locais e parcerias internacionais ganham destaque em Belém, com foco em ações práticas de mitigação, adaptação e financiamento climático


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No segundo dia de debates da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a governança subnacional e municipal ganhou protagonismo como motor de transformações climáticas efetivas. Autoridades de diversas nações e administrações locais evidenciaram que as medidas mais impactantes ocorrem no cotidiano de residências, bairros e municípios, onde políticas ambientais se traduzem em benefícios diretos para a população. O urbanismo sustentável figurou como eixo central, com apresentação de estratégias viáveis e replicáveis.


Transição para Execução em Proteção contra Calor Extremo

A iniciativa Beat the Heat Implementation Drive, coordenada pela Presidência brasileira da COP30 em parceria com a Cool Coalition do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), deixou o estágio de concepção para entrar em operação plena. O esforço congrega recursos financeiros e alianças internacionais com o objetivo de resguardar 3,5 bilhões de indivíduos em 185 centros urbanos dos efeitos do calor intenso. Medidas abrangem intervenções naturais, como expansão de áreas verdes e corpos d’água urbanos, além de técnicas de refrigeração passiva e aquisição governamental de equipamentos de baixa emissão e alta eficiência.


Durante a sessão ministerial dedicada a urbanização e alterações climáticas, apresentou-se o Plano de Aceleração da Governança Multinível (PAS), instrumento para ativar a Coalizão para Parcerias Multiníveis de Alta Ambição (CHAMP). Brasil e Alemanha foram designados copresidentes do mecanismo até 2027, comprometendo-se a inserir arranjos multiníveis em 100 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até 2028, qualificar 6.000 agentes públicos e facilitar o fluxo de capitais climáticos. Iniciaram-se Plataformas Nacionais de Localização de Financiamento em Camarões e Madagascar, com projeção de alcance a seis países até 2028, mobilizando USD 350 milhões e engajando 200 entes subnacionais.


Padrões para Construções Sustentáveis e Gestão de Resíduos

A Buildings Breakthrough Initiative divulgou diretrizes internacionais pioneiras para edificações de consumo energético quase nulo e adaptadas a extremos climáticos, estabelecendo critérios unificados para emissões, durabilidade e exposição a riscos. Colômbia, França, Finlândia, Gana, Japão e Quênia subscreveram um framework para compras públicas que estimule o mercado de materiais circulares e de baixa pegada ambiental.


Paralelamente, o Plano No Organic Waste (NOW) destinou USD 30 milhões à contenção de 30% das emissões de metano oriundas de matéria orgânica até 2030. A estratégia prevê a recuperação anual de 20 milhões de toneladas de alimentos excedentes, a alimentação de 50 milhões de pessoas e a formalização de 1 milhão de catadores na cadeia produtiva circular. Vinte e cinco municípios de 18 países já integram o programa, que ampliará unidades de compostagem e redes de redistribuição alimentar.


Segurança Hídrica como Eixo de Adaptação

A gestão da água consolidou-se como componente indispensável da resiliência climática. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) lançaram um programa regional que canalizará USD 20 bilhões até 2030 para infraestrutura hídrica robusta, abrangendo abastecimento seguro, modernização agrícola e proteção contra secas e inundações.


A reunião ministerial “Águas da Mudança” resultou em declaração conjunta que eleva a água à condição de fundamento universal para adaptação e progresso sustentável. O Brasil contribuiu com dois planos aceleradores voltados à governança participativa de recursos hídricos e ao atendimento de populações em situação de vulnerabilidade, em articulação com entidades como OCDE, Instituto Internacional da Água de Estocolmo e Aliança Global para Adaptação da Água.


Estruturação da Agenda de Ação e Relatórios

A conferência introduziu seis ambientes temáticos físicos que espelham os pilares do Balanço Global, servindo de vitrine para mais de 400 cooperações internacionais e 100 roteiros de aceleração. A cerimônia de abertura prestou tributo à liderança de Nigar Arpadarai, Campeã de Alto Nível da COP29.


Simultaneamente, foi divulgado o Anuário da Ação Climática Global 2025, compilação anual coordenada pelos Campeões do Clima e pela ONU Clima, que mapeia conquistas e deficiências com base no portal NAZCA.


Fechamento e Perspectivas

A plenária ministerial Global Mutirão congregou representantes de mais de 80 países, reforçando que a vitalidade do Acordo de Paris reside na capacidade de execução das esferas locais e regionais.


Destaques complementares incluíram a plataforma virtual Maloca, desenvolvida pelo PNUD para ampliar o acesso remoto às deliberações, e o mutirão brasileiro de reciclagem eletrônica, que entregou 100 equipamentos recondicionados a centros comunitários e formou 2.700 jovens em práticas circulares.


O terceiro dia abordará saúde, trabalho, educação, cultura, equidade, integridade informacional e direitos laborais, com eventos como o lançamento da iniciativa global de competências para a economia verde e a cúpula ministerial sobre adaptação indígena.


A COP30 consolida-se, assim, como marco de transição para a concretização de compromissos, alinhando metas nacionais a intervenções territoriais em prol de sociedades mais seguras e adaptadas.

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