COP30 inicia com pressão por ampliação do financiamento climático global
- William Barreto

- Nov 10
- 3 min read
Bancos multilaterais anunciam novos aportes e defendem agilidade no apoio a países vulneráveis durante o primeiro dia da conferência em Belém

O primeiro dia da COP30 foi marcado por um apelo direto dos principais bancos multilaterais: o mundo precisa agir mais rápido para garantir recursos às nações que enfrentam os impactos mais severos da crise climática. A discussão abriu oficialmente a conferência, nesta segunda-feira (10), com o anúncio de novas metas de financiamento e a cobrança por maior coordenação internacional.
Durante o encontro de alto nível sobre adaptação, representantes de bancos de desenvolvimento e fundos climáticos apresentaram um relatório que propõe métricas e metodologias para tornar mais eficiente a aplicação de recursos em projetos voltados à natureza e à biodiversidade. O documento também identifica gargalos que ainda travam a execução de programas de financiamento verde.
A CEO da COP30, Ana Toni, afirmou que o esforço conjunto das instituições financeiras simboliza o tipo de ação esperada para esta edição do evento.
“Este é exatamente o tipo de exemplo que queríamos desta COP: que fosse uma COP da implementação, que fortalecesse o multilateralismo e que mostrasse como as pessoas podem ser impactadas positivamente por essa transição energética”, destacou Ana Toni.
Fundo internacional anuncia novos aportes
Entre os anúncios, os Fundos de Investimento Climático (CIF) confirmaram a criação do programa ARISE, com aporte inicial de US$ 100 milhões. A iniciativa conta com contribuições da Alemanha (US$ 63,25 milhões) e da Espanha (US$ 36,8 milhões), e pretende impulsionar ações de resiliência e inovação em economias emergentes.
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, aproveitou a ocasião para defender que a adaptação às mudanças do clima seja tratada como prioridade preventiva, e não como resposta tardia aos desastres.
“O papel dos BMDs é ajudar os países a se prepararem, a investir em resiliência antes que a crise aconteça, não depois. Isso significa ampliar o financiamento, alinhar sistemas e tornar a resiliência central no modo como planejamos, construímos e crescemos. Juntos, podemos transformar preparo em proteção e resiliência em oportunidade”, afirmou Ilan Goldfajn.
Recursos ainda distantes das metas
Dados apresentados pelos bancos multilaterais indicam que o financiamento climático global ainda caminha abaixo do necessário. Desde 2019, o volume destinado à adaptação dobrou, atingindo US$ 26 bilhões em 2024, com previsão de alcançar US$ 42 bilhões até 2030.
Somadas as ações de mitigação e adaptação, os bancos informaram ter direcionado US$ 137 bilhões em 2024 e mobilizado outros US$ 134 bilhões do setor privado. Parte significativa desses recursos foi aplicada em países de baixa e média renda.
Mesmo com avanços, as instituições reconhecem que as restrições fiscais e a escassez de projetos estruturados continuam limitando o alcance das iniciativas. O relatório recomenda maior integração entre governos, bancos e empresas para transformar estratégias climáticas em oportunidades de investimento viáveis.
O secretário-geral assistente das Nações Unidas para Ação Climática, Selwin Hart, alertou que os países mais vulneráveis seguem enfrentando os efeitos do aquecimento global com poucos recursos disponíveis.
“O que precisamos agora é de aceleração e escala. Precisamos da liderança dos bancos multilaterais mais do que nunca para implementar o Mapa do Caminho de Baku a Belém”, disse Selwin Hart.
O evento marcou o início de uma COP em que a expectativa é menos por promessas e mais por execução. Entre as metas, está a de consolidar mecanismos financeiros capazes de sustentar a transição energética em ritmo compatível com a urgência do planeta.













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