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Preso preventivamente, Jair Bolsonaro admite à PF ter tentado violar a tornozeleira eletrônica

  • Writer: William Barreto
    William Barreto
  • Nov 22
  • 3 min read

Ex-presidente confessou ter utilizado ferramenta para danificar o equipamento de monitoramento, reforçando os indícios de risco de fuga considerados pelo STF


Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro
Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro


Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF) logo após sua prisão preventiva decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) confessou ter utilizado um ferro de solda para tentar remover a tornozeleira eletrônica que cumpria como condição de sua prisão domiciliar. A admissão, registrada durante a transferência para a Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, reforça os indícios de risco de fuga que embasaram a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.


A violação do equipamento de monitoramento foi detectada às 0h08 deste sábado, conforme relatório do Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal, anexado à representação da PF ao STF. Moraes, em sua ordem judicial, qualificou o episódio como uma "tentativa intencional de rompimento" do dispositivo, com o objetivo de "garantir êxito em uma fuga facilitada pela confusão gerada pela manifestação convocada por seu filho", em referência à "vigília" promovida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas proximidades do condomínio residencial do ex-presidente.




Detalhes da Confissão e Contexto Investigativo

Fontes próximas à investigação, que pediram anonimato para preservar a integridade do processo, revelaram que Bolsonaro, ao ser abordado pelos agentes federais na madrugada, não negou a ação. Em interrogatório preliminar na sede da PF, ele teria alegado "frustração com as restrições impostas" e "dificuldades técnicas no uso do equipamento", mas admitiu explicitamente o emprego de uma ferramenta de solda para danificar a tornozeleira. O instrumento foi apreendido no local da prisão domiciliar, no condomínio Solar de Brasília 2, e encaminhado para perícia técnica.


Essa confissão alinha-se aos elementos já descritos na decisão de Moraes, que citou precedentes de planejamento de evasão por parte de Bolsonaro e aliados, incluindo planos mapeados para asilo em embaixadas estrangeiras e fugas recentes de figuras como o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), foragido nos Estados Unidos. A Procuradoria-Geral da República (PGR), em manifestação favorável à prisão, endossou a interpretação de que a violação não se tratava de falha acidental – como descarga de bateria, hipótese inicialmente ventilada pela defesa –, mas de uma conduta deliberada para obstruir a aplicação da lei penal.


A tornozeleira, imposta desde julho como medida cautelar na Petição 14.129, foi substituída durante a madrugada por um novo modelo, mas o incidente acelerou o cumprimento do mandado de prisão, executado sem algemas e com sigilo midiático, conforme determinação expressa do relator. Bolsonaro, que enfrenta condenação a 27 anos e 3 meses de reclusão na Ação Penal 2.668 por crimes contra o Estado Democrático de Direito, passará por audiência de custódia via videoconferência neste domingo (23), às 12h, onde poderá apresentar defesa inicial contra a preventiva.



Implicações Jurídicas e Políticas

A admissão de Bolsonaro pode agravar sua situação processual, configurando potencial descumprimento de medidas cautelares (art. 312 do Código de Processo Penal) e obstrução de justiça, crimes que se somam aos já imputados por coação processual e associação criminosa. Juristas consultados, como o criminalista Pierpaolo Bottini, classificam o episódio como "exemplo paradigmático de periculum libertatis", justificando a custódia em unidade federal para preservar a ordem pública e a efetividade da pena iminente.


Politicamente, a revelação intensifica o debate sobre a maturidade institucional brasileira. Aliados, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-BA), denunciam "exagero judicial" e "perseguição seletiva", enquanto opositores, incluindo a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), defendem o ato como "defesa da democracia contra golpismo remanescente". A Primeira Turma do STF referendará a decisão em sessão virtual extraordinária na segunda-feira (24), sob presidência do ministro Flávio Dino.


O caso reforça o escrutínio sobre o núcleo familiar e político de Bolsonaro, com Flávio sob investigação por possível incitação a tumulto e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foragido nos EUA. A PF, em relatório complementar, estima que a "vigília" poderia mobilizar centenas de apoiadores, replicando táticas de 2022 e 2023 que culminaram em atos antidemocráticos. Com direitos políticos suspensos e inelegibilidade até 2030, o ex-presidente agora enfrenta o isolamento em custódia especial, com atendimento médico 24 horas e visitas restritas a advogados e equipe de saúde.

 
 
 

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